2010-09-12

Calma

Os ânimos estão muito quentes, está talvez na altura de parar e pensar um pouco. Já vi incitamentos à revolta pura e simples, à eliminação física dos criminosos face à inoperância da justiça e à constante impunidade, já vi muita coisa. Mas há algumas coisas que queria lembrar.
- Estamos a lutar contra uma organização que em 30 anos infiltrou quase toda a sociedade - basta ver quem é o presidente do STA, ou pensar porque é que o badocha continua no governo, ou quem convida o capo para jantar na assembleia (só dois partidos com representação parlamentar não estiveram presentes - BE e PCP);
- Essa organização goza da maior impunidade, mesmo em face de provas avassaladoras - vide o comportamento cúmplice da polícia do porto nos acontecimentos terroristas no jogo no estádio do ladrão do ano passado, o livro do macaco cujas confissões nunca foram investigadas, o mesmo macaco ter carros de luxo pagos em dinheiro e sem rendimentos declarados, isto para não falar de todo o historial de corrupção e distorção da verdade desportiva destes 30 anos;
- Os tentáculos são internacionais e estendem-se pelo menos à UEFA, como foi visível no abafar do caso apito dourado nas instâncias internacionais, na infame arbitragem frente ao Manchester ou mesmo na arbitragem dos jogos com os amadores do Gent, para nem falar do "caso" Nuno Assis, e das "estranhas" decisões do TAS;
- Os benfiquistas seguem uma cultura de honestidade e integridade, portanto estarão em desvantagem se tentarem lutar com as armas dos nossos inimigos.

Portanto, pensem bem. Há algo bem mais difícil, mas com mais probabilidade de sucesso que podem fazer - votar contra esta situação. Isso implica mesmo ir votar, e não votar nos partidos ligados ao polvo. Implica esquecer preconceitos, abandonar a atitude do "isso não adianta", "são todos os mesmos", e ir votar naqueles que não alinham pela cartilha andrade. Implica convencer suficientes benfiquistas a não votar "útil" e sim a votar em protesto. Pode mesmo implicar começar e levar a eleições um movimento anti-corrupção, se os dois últimos partidos parlamentares traírem. Pode implicar preparar uma reforma da justiça, e levá-la a referendo, apresentando o número de assinaturas necessárias na Assembleia da República. É mais difícil, exige mais trabalho, exige mais consciência cívica. Mas tem mil vezes mais probabilidades de sucesso que eliminar fisicamente as cabeças da hidra corrupta. E deverá ser sempre a primeira solução. A revolução só é alternativa quando não existem mais alternativas.

Em resumo - se não são capazes de organizar referendos, movimentos, eleições, se ainda não tentaram tudo sem sucesso, não pensem em revoluções. Necessitam de saber tudo isso e muito mais.

PS: Se decidirem partir para a revolução, primeiro que tudo não contem comigo - não gosto de mortes, sou contra a violência, prefiro lutar dentro da lei, e tenho a minha vida organizada fora de Portugal. Segundo, leiam o livro de Cory Doctorow "Little Brother", e vejam como podem ser facilmente encontrados e investigados...

2 comentários:

Unknown disse...

Estou a ver que mudaste o discurso, longe vão os tempos de frases como "justiça cair à rua" e "endireitar o passo".
Saúdo com agrado esta nova mentalidade da tua parte.

jbernardo disse...

Nunca apelei a que a justiça caísse na rua, antes pelo contrário, tenho sempre avisado desse risco caso continue o caminho da impunidade e da corrupção descarada. O meu discurso não mudou.
E continuo a achar que com toda a impunidade com se continua a roubar os portugueses em geral e o SLB em particular, o risco da justiça cair à rua é cada vez maior. Não se perdia nada se alguém acertasse o passo a alguns quantos, podia ser que despoletasse a mudança necessária na justiça. Mas mantenho tudo o que escrevi neste post - enquanto não se esgotarem as alternativas, a revolução e o possível derramamento de sangue não são resposta.

 
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